Governo de Minas Gerais lança Programa Quintais Produtivos, destinado às escolas do campo
Iniciativa da Educação Integral e Integrada compõe estratégia de enfrentamento da pobreza no campo27 de Setembro de 2017 , 18:32
O
Governo de Minas Gerais lançou, na manhã desta quarta-feira (27/09), no
Museu de História Natural do Instituto Agronômico, o “Programa Quintais
Produtivos: Projeto Escola Agroecológica”, uma iniciativa da Secretaria
de Estado de Educação (SEE), por meio das Coordenações das Políticas de
Educação do Campo e Educação Integral e Integrada, em parceria com as
Secretarias de Estado de Desenvolvimento Agrário (SEDA) e de Trabalho e
Desenvolvimento Social (SEDESE), e a Empresa de Assistência Técnica e
Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (EMATER).
A
proposta dos Quintais Produtivos é criar e potencializar unidades
produtivas de agricultura nas escolas, que contribuam para a soberania e
a segurança alimentar e a distribuição de insumos. O Programa integra
a Estratégia de Enfrentamento da Pobreza no Campo – Novos Encontros,
uma ação da Sedese que pretende integrar e orientar os diversos
programas, projetos e ações estaduais voltadas à população rural de
Minas Gerais.
Para
participarem do primeiro ano de execução do projeto, foram
selecionadas 100 escolas do campo, sendo oito quilombolas e duas
indígenas. A maior parte das escolas selecionadas já possui horta
escolar e realiza atividades didáticas junto a elas. No entanto, a
inovação está no acompanhamento e aqualificação dos envolvidos pela
EMATER-MG e na adoção do modelo da Agroecologia. “A agroecologia prevê a
utilização racional de recursos naturais, sempre cultivando espécies
em harmonia com a natureza e a cultura locais, prezando pela não
utilização de agrotóxicos e de adubos químicos, buscando sempre
aproveitar todos os recursos locais e diminuir ao máximo o uso de
insumos externos”, explica a coordenadora de Educação da Campo da SEE,
Érica Justino, citando o documento que traz as diretrizes do Programa,
distribuído no evento.
Secretaria de Educação lançou o programa Quintais Produtivos. Foto: Elian Oliveira/ACS-SEE
A
seleção das escolas para o Programa obedeceu a localização – municípios
que compõem o Programa Novos Encontros - e a participação nas Ações da
Política Estadual de Educação Integral e Integrada da SEE. Assim, serão
implantados Quintais em 11 escolas do Alto Jequitinhonha; 8 no Médio e
Baixo Jequitinhonha, 8 no território do Mucuri, 65 no Norte e 8 no Vale
do Rio Doce. A SEE dará as diretrizes e apoiará a construção do projeto
pedagógico no qual estarão previstas as atividades, buscando envolver
os estudantes e toda a escola nos cuidados com o quintal. Já os
escritórios da Os escritórios locais da EMATER serão os responsáveis por
orientar as escolas selecionadas sobre toda a metodologia dos Quintais
Produtivos sob a ótica da Agroecologia, bem como auxiliar no
planejamento da construção ou ampliação das iniciativas.
Roda de conversa
Na
abertura do evento, a subsecretária de Desenvolvimento do Ensino Médio,
Augusta Mendonça, as Coordenadoras de Educação Integral e Integrada e
de Educação no Campo e Escolas Indígenas, Rogéria Figueiredo e Érica
Justino, representando a Secretária de Educação, Macaé Evaristo,
participaram de uma roda de conversa com as entidades parceiras e
professores, diretores e alunos da Educação no Campo. Em sua fala,
Augusta Mendonça ressaltou a importância da ação no propósito de
diminuir as desigualdades sociais nas áreas rurais do estado.
Rogéria Figueiredo fez um balanço de todo o processo de discussão,
iniciado em 2015, que resultou nos Quintais Produtivos, e Érica Justino
frisou a importância das rodas de conversa. “Nelas temos a possibilidade
de ouvir e discutir a proposta Educação Integral e Integrada tendo como
indução a ação dos quintais produtivos. Pensar o direito à alimentação
saudável é ponto muito importante”.
O
evento promoveu uma Roda de Conversa com parceiros e participação de
alunos e diretores de Escolas do Campo e Superintendentes de Ensino.
Foto: Elian Oliveira/ACS-SEE
O
presidente da Emater, Glenio Martins de Lima Mariano, pontuou que as
escolas selecionadas para o projeto estão localizadas em regiões com
vocação agrícola, de assentamentos de reforma agrária, com tradição de
agricultura familiar. “São escolas em que os alunos são filhos de
agricultores familiares, cuja atividade o projeto vem reforçar,
garantindo a sucessão rural e despertando o interesse pela agenda da
segurança alimentar e valorização dos trabalhadores rurais”.
Warlei
França, diretor da Escola Estadual Tarcília Godoi, do Alto
Jequitinhonha, argumentou que o programa é uma possibilidade de levar
projetos que “falem a linguagem do aluno” que vive no ambiente rural.
“Algumas atividades já desenvolvidas poderão ser enriquecidas por esse
projeto, que estimula a permanência dessas pessoas nas áreas rurais. Com
o programa, tratamos a realidade do estudante no seu ambiente de
convivência”.
Odair
Nunes de Almeida, da Escola Estadual Quilombola Antônio Correia e
Silva, de Januária, entende que o projeto veio reafirmar as diretrizes
da educação no campo. “Em 2013 fizemos uma carta de diretores das
Escolas do Campo falando dos potenciais, dos avanços e dificuldades
encontradas pelas escolas no campo. O ‘Quintais Produtivos’ nos dá mais
força em continuar trabalhando um currículo centrado e contextualizado
nas diretrizes da Educação no Campo”.
Alex
Tadeu Mendes de Oliveira, de Brasília de Minas, comunidade de Vargem
Grande, disse que essa parceria para desenvolver o programa tem um
grande significado para sua comunidade. “Agrega e traz a família para
dentro da escola, valoriza o produtor perante a escola e, com esse
incentivo, está proporcionando a possibilidade de o aluno e o pai
produzirem juntos”. Ele informa que a escola recebeu a doação de um
amplo terreno onde está preparando uma horta comunitária.
Para Odair, o projeto veio reafirmar as diretrizes da educação no campo. Foto: Elian Oliveira/ACS-SEE
Agroecologia
A
agroecologia compreende o campo do conhecimento transdisciplinar que
estuda os agroecossistemas, visando ao desenvolvimento das relações
entre capacidade produtiva, equilíbrio ecológico, eficiência econômica e
equidade social e uso e conservação da biodiversidade e dos demais bens
naturais, por meio de articulação entre conhecimento técnico
científico, práticas sociais diversas e saberes e culturas populares e
tradicionais.
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